Brasília, 26/1/2021
Dando continuidade à discussão que iniciamos no último artigo que disponibilizamos, sobre Governança Corporativa, em que apresentamos os motivos para utilizar e implementar regras que objetivam o crescimento estável e duradouro da empresa, trazemos à tona um modelo que não considera apenas aspectos de ordem interna e organizacional, mas se preocupa com o impacto da empresa na comunidade em que inserida e todos que com ela interagem.
A ESG – Environmental, Social and Governance -, que em português se traduz, respectivamente, para Ambiental, Social e Governança, é a métrica que agrega à tradicional e já conhecida Governança Corporativa as boas práticas ambientais e sociais, de modo que as empresas devem se atentar, também, a estas duas últimas questões, para atrair novos investidores, manter os atuais e ter maior valor de mercado.
Por sinal, empresas mais estruturadas, com regras que se apoiam sobre os princípios da transparência, equidade, prestação de contas e responsabilidade corporativa são mais bem vistas, atraem mais potenciais investidores, podem ter linhas de crédito facilitadas pelo sistema financeiro e, assim, têm maior valor de mercado.
Tanto é verdade que, segundo a Delloite, entre janeiro de 2001 e abril de 2017, as empresas integrantes do Índice de Governança Corporativa (IGC) da Bolsa de Valores de São Paulo (atual B3) valorizaram 122% a mais que as demais empresas de capital aberto no Brasil[1].
Nessa linha, cada vez mais se observa que os investidores se preocupam não só com a empresa que dá mais lucro, mas também com aquela que ao exercer o seu objeto empresarial mitiga os riscos ambientais e valoriza os aspectos sociais que a cercam.
Assim, pela teoria da legitimidade, em que a empresa busca atender às expectativas da sociedade, cabe aos gestores adequarem os seus negócios a um modelo mais sustentável[2]. Como exemplo, a administração das empresas, ao analisar os seus negócios pela métrica ESG, devem se atentar[3]:
Ambiental |
Social |
Governança |
Aquecimento global e emissão de carbono |
Satisfação dos clientes | Composição do Conselho |
Poluição do ar e da água |
Proteção de dados e privacidade | Estrutura do comitê de auditoria |
Biodiversidade |
Diversidade da equipe |
Conduta corporativa |
Desmatamento |
Engajamento dos funcionários |
Remuneração dos executivos |
Eficiência energética |
Relacionamento com a comunidade |
Relação com entidades do governo e políticos |
Gestão de resíduos | Respeito aos direitos humanos e às leis trabalhistas |
Existência de um canal de denúncias |
Escassez de água | – |
– |
Veja-se que não se tratam apenas de critérios objetivos, mas do quanto a empresa se preocupa e, principalmente, efetiva práticas que consideram a biodiversidade, o relacionamento com pessoas e a aplicação de critérios que garantam uma conduta ética e de boa-fé dos que com ela mantêm uma relação.
Justamente visando tornar mais palpável e factível a implementação dos critérios estabelecidos pela ESG, a KPMG, E&Y, PwC e Delloite, juntas, elaboraram um relatório para definir parâmetros de medição das práticas ESG, tendo como base quatro premissas: princípios de governança, planeta, pessoas e prosperidade. Ou seja, critérios que se complementam!
Como se pode ver, a ESG deixou há muito tempo de ser um idealismo e agora é uma realidade, especialmente porque os investidores utilizam do seu poder aquisitivo em prol da sustentabilidade, de modo que empresas que ignorarem essa métrica podem começar a perder esses investimentos, principalmente, estrangeiros, ou mesmo encolher seu valor de mercado[4].
[1] Disponível em: <https://exame.com/negocios/os-dados-confirmam-boas-praticas-de-governanca-valorizam-acoes/>. Acesso em: 26 jan. 2021.
[2] RAHIS, Revista de Administração Hospitalar e Inovação em Saúde Vol. 16, n4. Belo Horizonte, MG. OUT/DEZ 2019. e-ISSN: 2177 – 2754 e ISSN impresso: 1983-5205. DOI: https://doi.org/10.21450/rahis.v16i4.5917. Submetido: (08/12/2019). Aceito: (18/05/2020). Sistema de avaliação: Double Blind Review. p. 63 – 80.
[3] O que a sigla ESG quer dizer sobre uma empresa? – Fala, Nubank. Disponível em: <https://blog.nubank.com.br/esg-o-que-e/>. Acesso em: 21 jan. 2021.
[4] INVESTIDORES ESTRANGEIROS PEDEM COMPROMETIMENTO DO BRASIL COM PRESERVAÇÃO DO MEIO AMBIENTE. Investidores estrangeiros pedem comprometimento do Brasil com preservação do meio ambiente. Disponível em: <https://g1.globo.com/economia/agronegocios/globo-rural/noticia/2020/07/12/investidores-estrangeiros-pedem-comprometimento-do-brasil-com-preservacao-do-meio-ambiente.ghtml>. Acesso em: 21 jan. 2021.